Apneia do sono ou apneia noturna (FO 1943: apnéia) é uma desordem do sono caracterizada pela suspensão da respiração durante o sono pela língua,que inibe a passagem de ar ao nível da garganta. Estes episódios de apneia (do grego Predefinição:Lang - el (ápnoia), falta de respiração) podem durar alguns segundos, por tempo suficiente para que uma ou mais respirações sejam perdidas, após os quais é retomada a respiração normal, e ocorrem repetidamente durante o sono. A definição padrão de qualquer evento apneico inclui um intervalo mínimo de 10 segundos entre as respirações, com despertar neurológico (monitorado por EEG) ou dessaturação da oxiemoglobina de mais de 3-4%, ou ambos. Na maior parte das vezes, as apneias não são suficientes para despertar a pessoa, mas há uma alteração no padrão de sono, passando do sono profundo para um sono mais superficial. Como este sono não é repousante, as manifestações típicas são uma sensação de "noite mal dormida" ao despertar, assim como fadiga e sonolência durante o dia. A apneia do sono é diagnosticada com um teste chamado polissonografia, ou "estudo do sono".
Níveis clinicamente significativos de apneia do sono são definidos como cinco ou mais episódios por hora de qualquer tipo de apneia (pela polissonigrafia). Existem três formas distintas de apneia do sono: central, obstrutiva e mista, ou complexa (i.e., uma combinação da central e obstrutiva), constituindo 0.4%, 84% e 15% dos casos respectivamente. Na apneia do sono do tipo central, a respiração é interrompida pela "falta de esforço respiratório"; na apneia do sono do tipo obstrutivo, a respiração é interrompida por um bloqueio físico ao fluxo aéreo "apesar de esforço respiratório". Na apneia do sono complexa (ou mista), há uma transição de características centrais para obstrutivas durante os eventos.
Em qualquer um dos tipos, o indivíduo com apneia do sono está raramente consciente de que tem dificuldade para respirar, mesmo depois de acordado. Apneia do sono é reconhecida como um problema por outras pessoas que testemunham o indivíduo durante os episódios ou é suspeitada devido a seus efeitos no corpo (sequelas). Os sintomas podem estar presentes por anos (ou mesmo décadas) sem identificação.
A Síndrome da Apneia-Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é uma condição crônica de obstrução cíclica da via aérea superior durante o sono, combinada com sinais e sintomas de distúrbios do sono. (COSTA, 2006)
História
Os primeiros relatos na literatura médica do que hoje é chamado de apneia obstrutiva do sono datam de 1965, quando foi independentemente descrito por pesquisadores franceses e alemães. Entretanto, o quadro clínico dessa condição já era reconhecido há bastante tempo como um traço pessoal, sem uma compreensão do processo patológico. O termo Síndrome de Pickwick, que é algumas vezes usado para a síndrome, foi cunhado pelo médico famoso do século 20 William Osler, que deve ter sido um leitor de Charles Dickens. A descrição de Joe, "o garoto gordo" no romance de Dickens "The Pickwick Papers", é uma figura clínica acurada de um adulto com síndrome da apneia do sono obstrutiva.
Os primeiros relatos na literatura médica descreviam indivíduos que eram muito gravemente afetados, frequentemente se apresentando com hipoxemia grave, hipercapnia e insuficiência cardíaca congestiva. Traqueostomia era o tratamento recomendado e, ainda que pudesse salvar a vida do paciente, as complicações no estoma eram frequentes nesses indivíduos muito obesos e de pescoço curto.
O manejo da apneia obstrutiva do sono foi revolucionado com a introdução do CPAP, primeiramente descrito em 1981 por Colin Sullivan e associados em Sydney, Austrália. Os primeiros modelos eram volumosos e barulhentos, mas o design foi rapidamente melhorado e, no final da década de 1980, CPAP foi amplamente adotado. A disponibilidade de um tratamento efetivo estimulou uma busca agressiva por indivíduos afetados e levou ao estabelecimento de centenas de clínicas especializadas dedicadas ao diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono. Embora muitos tipos de problemas do sono sejam reconhecidos, a vasta maioria de pacientes que procuram esses centros têm problemas com sono relacionados à respiração.
Etiologia
Dentre os fatores predisponentes incluem-se:
- Sexo masculino
- Avançar da idade
- Aumento do Índice de Massa Corporal (IMC)
- Obesidade central
Aumento da complacência das vias aéreas superiores por:
- Uso de drogas miorrelaxantes, álcool, sedativos
- Aumento da circunferência do pescoço
- Tabagismo (ativo e passivo)
Na infância:
- Hipertrofia de tecido linfóide das vias aéreas superiores (adenoides e amígdalas)
- Malformações congênitas (síndromes genéticas, micrognatia, retrognatia)
Fisiopatologia
O fechamento parcial das vias aéreas superiores é definido como hipopneia, enquanto que o fechamento total constitui uma apneia. Nos fechamentos parciais, temos como principal manifestação o ronco, devido à produção de som pelo turbilhonamento alterado do ar expirado. Existe um espectro de doença desde o ronco normal e assintomático até o quadro completo de SAHOS. O ronco pode preceder e evoluir para SAHOS, sendo que a obesidade e o envelhecimento contribuem para isso.
Diagnóstico
O diagnóstico da apneia do sono é feito através de polissonografia. Fale com o seu médico.
O principal sintoma da apneia do sono é a sonolência intensa durante o dia. Esta sonolência pode levar a acidentes de automovel ; ao sono intenso em horas inadequadas, como no trabalho ou na sala de aula. As outras manifestações da doença incluem o ronco (com pausas respiratórias, as apneias); e dificuldade de manter a concentração e a atenção pela sonolência diurna. Ao dormir, têm também movimentos muito frequentes, durante toda a noite, associados às pausas respiratórias (apneias). (CAPLES, 2005; REIMÃO, 1996)
As apneias podem ser classificadas como obstrutivas, centrais ou mistas:
- Apneias obstrutivas: O diagnóstico clínico dos maiores especialistas do mundo é considerado correto em 50% dos casos, considerando uma prevalência de 5% da doença. O único método de diagnóstico conhecido é a polissonografia, que mede o número total de eventos de apneia + hipopneia por hora, o índice de apneia e hipopneia (IAH). Para um evento ser considerado como obstrutivo, é necessário haver aumento do esforço respiratório reflexo. Se o IAH for maior ou igual a cinco o paciente é considerado portador da síndrome da apneia obstrutiva do sono.
- Apneias centrais: Ao contrário das apneias obstrutivas, não há esforço respiratório reflexo durante as apneias ou hipopneias, e sua etiologia também parece ser bem distinta.
- Apneias mistas: Possuem componentes tanto obstrutivos quanto centrais.
A gravidade da SAHOS é classificada conforme o índice de apneia e hipopneia (IAH - número de hipopneias e apneias por hora):
- de 10-20: leve;
- de 20-30: moderado;
- mais que 30: grave.
Tratamento
Medidas gerais:
- Redução do peso corporal;
- Redução do consumo do álcool;
- Tratamento de congestão nasal, rinite, sinusite;
- Higiene do sono: antes de dormir evitar cigarro, álcool, bebidas com cafeína, exercícios intensos, refeições pesadas, medicamentos sedativos, evitar dormir de barriga para cima, dormir em horário constante.
Tratamento mecânico:
- Uso de CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) ou BIPAP (Bilevel Positive Airway Pressure);
- Aparelhos intra-orais.
Tratamento cirúrgico:
- Cirurgia nasal;
- Adenoidectomia;
- Uvulopalatofaringoplastia;
- Traqueostomia;
- Outros.
Doenças secundárias correlacionadas
- Diabetes - 50% dos diabéticos têm apneia do sono .
- Obesidade - 77% dos obesos têm apneia do sono.
- Hipertensão - 35% dos hipertensos têm apneia do sono.
- Insuficiência cardíaca - 50% dos pacientes com insuficiência cardíaca têm apneia do sono.
- Infarto - 30% a 50% dos pacientes infartados têm apneia do sono.
- Arritmia
- Fibrilação atrial - 50% dos pacientes com fibrilação atrial têm apneia do sono.
- AVC - 50% dos pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral) têm apneia do sono.
Logo, sempre se deve avaliar a necessidade de fazer o exame de polissonografia para diagnóstico de apneia do sono nos pacientes com diabetes, obesidade, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto, fibrilação atrial, AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral).
Alerta
As informações dos artigos médicos apenas devem ser vistas como uma parte do processo de compreensão das situações ligadas à medicina. É uma situação de grande risco a tomada de decisões caso não se tenha o conhecimento global e a experiência na área.
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