Juiz do 5º Tribunal do Júri da capital ainda transformou a prisão temporária da ré em prisão preventiva. Ela deverá permanecer presa até o julgamento.
Em depoimento que durou cerca de 8 horas na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, a bacharel em Direito Elize Kitano Matsunaga confessou ter matado o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, ex-diretor da Yoki Alimentos, após uma discussão entre os dois no apartamento do casal, na zona oeste de São Paulo. Segundo o diretor do DHPP, delegado Jorge Carrasco, o crime foi passional, como já suspeitavam os investigadores. Elize disse ter agido sozinha, mas a polícia ainda investiga se ela teve ou não ajuda de mais alguém para se desfazer dos pedaços do corpo de Marcos.
“Hoje nós interrogamos aquela pessoa que eu já posso chamar de autora do homicídio. Ela confessou espontaneamente. Não quer dizer que a investigação tenha terminado”, afirmou Carrasco, que conversou com os jornalistas durante o interrogatório de Elize. “Mas ela confessa que é a autora do homicídio e diz que praticou o crime sozinha. Ela também reafirma a tese de que o crime é passional.”
De acordo com o depoimento de Elize à polícia, o casal teve uma discussão conjugal no apartamento e Marcos teria agredido a esposa. Elize reagiu pegando uma arma e dando um tiro à queima-roupa na cabeça do empresário. Em seguida, teria arrastado o corpo até o banheiro dos fundos, onde aconteceu o esquartejamento. A polícia ainda investiga se ela agiu mesmo sozinha ou contou com a ajuda de terceiros. Elize também teria contratado um detetive para investigar o marido, com suspeitas de que ele tivesse um caso extraconjugal. A polícia investiga essa possibilidade.
Ao contrário do que era especulado, a arma utilizada por Elize para matar o marido tinha calibre 380, e não 765. “A arma já está apreendida. E as partes do corpo estavam naquelas malas que ela carregava quando saiu do apartamento”, disse Carrasco. “Ela fez a desova do corpo na região de Cotia.” Rastreamento do celular dela indica que ela foi para Cotia após ter saído do prédio com malas.
Após a morte do marido, Elize doou três armas da coleção pessoal de Marcos à Guarda Civil Metropolitana (GCM), supostamente para a campanha do desarmamento – entre elas não estava a de calibre 380 usada no crime.
O diretor do DHPP justificou o fato de a perícia inicial feita no apartamento do casal não ter encontrado marcas de sangue no banheiro. “O apartamento era muito grande e foi feita uma primeira perícia. Essa perícia vai continuar. E este banheiro (onde o corpo de Marcos foi esquartejado) não tinha sido periciado”, contou Carrasco.
Após a entrevista do delegado, o advogado contratado pelos pais de Marcos, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse que agora a família da vítima está mais “confortada”. “Ainda não se encerra a investigação, mas estamos próximos de fechar tudo isso. O principal, que era saber o autor desse homicídio, surgiu. A família está triste, chocada, mas hoje está mais confortada”, afirmou.
“Em uma investigação criminal, a confissão da pessoa é um dos elementos de prova. Importantíssimo, aliás. Dificilmente quem não tem culpa confessa. Mas esse elemento deve estar em sintonia com outros elementos de prova que foram colhidos”, continuou D’Urso.
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