24.07.2012 - 20:22 por Carlos Madeiro
Tim sofreu até CPI na ALE de Alagoas
Se para milhares de clientes no país a proibição da venda de chips é
uma novidade, para os consumidores de Alagoas o veto já dura quatro
meses. No dia 27 de março, a Justiça acatou pedido feito por uma ação
coletiva do Procon, MP (Ministério Público Estadual) e OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) e proibiu a TIM de habilitar novas linhas. A
decisão judicial ainda está em validade, o que anulou os efeitos
práticos da definição da Anatel, que vetou a venda de chips da TIM em
Alagoas e em mais 17 Estados, além no Distrito Federal.
Claro e Oi também estão proibidas, em outros Estados, de venderem
serviços de voz e dados para novos clientes. A medida cautelar da Anatel
contra as três operadoras não tem prazo para ser suspensa, pois depende
que os planos de ação e melhoria sejam apresentados pelas empresas e
aprovados pelo órgão governamental. Nesta terça, o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, estimou em 15 dias o prazo para que a
solução dos problemas esteja encaminhada, e as vendas sejam retomadas.
Em Alagoas, as constantes reclamações sobre o serviço levaram a TIM a
ser uma das empresas mais reclamadas no Procon e alvo de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa, que
resultou no indiciamento de dois diretores da empresa e de um pedido de
multa à operadora pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
“O clamor causado pela má prestação do serviço aumenta quando se
percebe que este desrespeito é absorvido pelos consumidores por período
que ultrapassa qualquer noção de razoabilidade”, afirmou o relatório
final da CPI, que fez duras críticas à falta de investimentos da empresa
no Estado.
Sem melhorias
Apesar das críticas e dos quatro meses de proibição, os serviços de telefonia não melhoraram, segundo avaliação do Procon e de usuários da operadora ouvidos pelo UOL. No máximo, define o Procon, deixaram de piorar.
“Durante esse tempo houve um benefício para o consumidor em relação ao
serviço, que ia de mal a pior e parou de piorar. As novas habilitações
levavam a ter cada dia mais clientes e mais reclamações, pois o serviço
era afetado pela quantidade de usuários, sem a estrutura necessária da
empresa”, afirmou o superintendente do Procon de Alagoas, Rodrigo Cunha.
“Quanto mais pessoas ingressassem, pior seria o serviço, além dos novos
clientes adquirirem um produto sem qualidade. Foi um bem à sociedade.”
Cunha disse que a liberação só deve ocorrer após a garantia de
investimentos. “Queremos que a empresa invista, apresente planos de
expansão e não venham só promessas. A única coisa que pedimos é a
chancela da Anatel a esse plano. Não adianta as empresas afirmarem que
estão investindo milhões, como dizem, quando quase todo o dinheiro vai
para publicidade”, explicou.
Os usuários da operadora reclamam que não houve melhoria nos serviços
de telefonia. “Não mudou absolutamente nada. As falhas nas ligações
ainda permanecem, não conseguindo completar, ou caindo no meio das
conversas. O que mais me atinge é o péssimo serviço 3G, que uso bem mais
que o plano de voz. Há localidades em que o 3G simplesmente não pega”,
comentou o professor de cursinho universitário Luís Vilar, cliente da
operadora.
“Muitas vezes, quando mais precisamos, a ligação não completa e ficamos
sem poder falar. Não vi nenhuma mudança nesse período”, complementa a
dona de casa Maria Aparecida Ramalho, também cliente da TIM.
Efeito psicológico
Segundo o superintendente do Procon de Alagoas, a suspensão das vendas causou um importante “efeito psicológico” nas concorrentes, que passaram a atender às demandas dos órgãos de defesa do consumidor com medo de uma suspensão.
“Por exemplo, a operadora Oi, em maio, apresentou problemas
relacionados a um plano com o qual as pessoas podiam falar ilimitado.
Ali houve uma superlotação da capacidade de rede. Foi um mês atípico,
quando as pessoas reclamaram bastante. Tivemos uma reunião e ficou
acertado que esse plano não seria revalidado em Alagoas, tendo duração
de apenas 30 dias. Talvez em outro momento, sem perceber a força dos
órgãos de defesa do consumidor, a empresa não aceitasse isso”, disse.
Resposta
Em nota encaminhada ao UOL, a operadora informou que vai dobrar seu orçamento para atendimento ao cliente, totalizando R$ 451 milhões.
A TIM não informa se recorreu da decisão da Justiça alagoana e também
não divulgou informações específicas sobre investimento no Estado. A
empresa diz estar focada “nas negociações com o governo para a aprovação
do Plano Nacional de Ação de Melhoria da Prestação do Serviço Móvel
Pessoal apresentado nesta terça". O documento foi entregue, mas a
Anatel afirmou que pedirá mais detalhes.
“O plano traz informações estratégicas para a empresa e não será
detalhado neste momento. A TIM está em um esforço conjunto com governo
para melhorar o desenvolvimento técnico que garantirá aos cidadãos
níveis cada vez melhores de qualidade e desempenho do serviço”,
complementou a nota.
Problemas no Nordeste
Nos últimos meses, a TIM – pioneira na telefonia da área com início de DDD 8 (que compreende os Estados Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí)-- enfrentou na região problemas similares ao de Alagoas.
Nos últimos meses, a TIM – pioneira na telefonia da área com início de DDD 8 (que compreende os Estados Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí)-- enfrentou na região problemas similares ao de Alagoas.
Dos seis Estados, quatro tiveram proibições da Justiça de
comercialização de novas linhas. O primeiro foi o Rio Grande do Norte,
em janeiro de 2011, quando a 18ª Vara da Fazenda Pública Estadual
concedeu liminar a favor da OAB e MP. Em junho do ano passado, foi a vez
da Justiça cearense atender a um pedido também do MP e da OAB. Em
fevereiro deste ano, a 2ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco também
vetou as novas habilitações.
Em todos os casos, a proibição durou menos de dois meses e já foi
revertida pela operadora. Porém, com a nova a decisão da Anatel, todos
os Estados estão com a venda de novos chips suspensas desde
segunda-feira (23).
Fonte: http://correiodopovo-al.com.br/index.php/noticia/2012/07/24/crise-na-telefonia-celular
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